Outro fator relevante: A Heinz tem como público alvo as classes A\B enquando a Quero foca a classe C, portanto as empresas não irão concorrer entre si, e sim complementar uma a outra, agregando valor a transação.
Fusões sinérgicas compõe o futuro das empresas de sucesso. Existem grandes oportunidades no Brasil em diversos setores, empresas que se complementam não apenas se somam, multiplicam seu valor.
Segue abaixo a reportagem da Ig Economia sobre a negociação
Executivos da Heinz já visitaram a fábrica da Quero em Goiás; aquisição de 80% do capital pode custar R$ 1 bilhão
Marina Gazzoni e Claudia Facchini, iG São Paulo | 02/03/2011 14:47
Compartilhar: A Heinz deve fechar nesta quarta-feira a aquisição da fabricante de alimentos Quero, sediada em Nerópolis (GO). A empresa deve comprar 80% das ações da companhia pelo valor de R$ 1 bilhão, de acordo com o prefeito da cidade, Gil Tavares. A expectativa é que o anúncio da aquisição saia na sexta-feira.
Segundo ele, uma comitiva de dez americanos ligados a Heinz estiveram na cidade há cerca de um mês para conhecer as instalações da fábrica. Na ocasião, eles firmaram o compromisso de ampliar os investimentos na unidade. “Eles vão ampliar a fábrica e entrar em um novo segmento, o de sopas prontas, para competir com a Nestlé”, afirma Tavares.
Procurada pelo iG, a Quero confirmou as negociações, mas não quis se pronunciar. A empresa é uma das principais fabricantes de milho e ervilha enlatados e de extrato de tomate.
Para o presidente da consultoria Concept, Adalberto Viviani, especializado em indústria alimentícia, o grande interesse da Heinz na Quero é seu canal de distribuição.
"Eles têm capilaridade no varejo e o produto Heinz poderá ser distribuído junto com a marca Quero", afirma. Outra vantagem do negócio e´que a Heinz comprará uma marca focada na classe C, enquanto seu produto é direcionado ao público A/B.
Concorrência
A multinacional americana Cargill acaba de aquirir no Brasil a divisão de molhos de tomates da Unilver, que é líder nesse segmento no País. A aquisição, de R$ 600 milhões, incluiu as marcas Pomarola, Tarantella, Elefante e Pomodoro.
Mercados emergentes
O presidente mundial da Heinz, maior fabricante de ketchup dos Estados Unidos, William Johnson, afirmou a investidores americanos no dia 24 de fevereiro que os mercados emergentes serão o grande pilar de crescimento da companhia nos próximos anos.
“Refletindo nossos planos de investir em aquisições e em crescimento orgânico, eu posso antecipar que os mercados emergentes vão responder por 30% das vendas totais da companhia nos próximos cinco anos, ou até antes disso”, disse Johnson.
Até 2015, ele prevê que, juntos, os mercados emergentes vão se sobrepor ao mercado da América Norte.
A Heinz já possui operações na Rússia, Índia, indonésia, Polônia, Venezuela e México e comprou, em novembro de 2010, uma empresa na China, a Foodstar, por US$ 165 milhões à vista, além de um pagamento complementar em 2014 por desempenho.
Era esperado que a Heinz entrasse no Brasil em meados dos anos 90, durante a onda de investimentos estrangeiros no mercado brasileiro, impulsionada pelo Plano Real. Na época, o consumo brasileiro também apresentou fortes de taxas de crescimento devido ao maior poder aquisitivo da população com o controle da inflação.
Fusões e aquisições
A partir de 2008, com a crise econõmica mundial, o que desacelerou o consumo nos países ricos, as empresas estrangeiras passaram a olhar para os mercados emergentes, como o Brasil, que passaram a ser a tábua de salvação para os seus negócios.
Em 2011, a expectativa da Anbima é que o volume de operações seja maior ou igual aos R$ 184,4 bilhões do ano passado.