A Brasil Foods (BRF), empresa resultante da fusão da Sadia e Perdigão, está buscando aquisições em países da América Latina e do Oriente Médio, além da África. A companhia possuía R$ 3,2 bilhões em aplicações financeiras no fim de dezembro, recursos que poderiam ser utilizados em futuros negócios.
“Esse ano, devemos fazer aquisições. Nosso balanço está preparado para isso”, afirmou o presidente da BRF, José Antonio Fay, em encontro com jornalistas na sede da empresa, em São Paulo.
A companhia, acrescenta, possui um terreno na Arábia Saudita, onde pretende construir uma fábrica. “Mas a construção de unidades (projetos greenfield) não impede que a empresa também faça aquisições”, disse o executivo, que afirmou “gostar” de comprar negócios para crescer mais rápido nos mercados internacionais.
Sobre a China, Fay afirmou que a BRF está em busca de um parceiro “certo” no país. Os chineses, porém, comem basicamente asa e pé de frango. “Eles compram o que tiver. Se houvesse a mistura de frango com centopeia, seria maravilhoso (para o mercado chinês)”, brincou Fay.
Investimentos
No Brasil, a BRF está ainda engessada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste brasileiro, já que a fusão da Sadia e Perdigão ainda precisa ser aprovada. Até que isso aconteça, a empresa não deve realizar aquisições na área de carnes no mercado brasileiro.
Mesmo o plano de investimentos da companhia para 2011, que não inclui possíveis desembolsos com aquisições, depende do sinal verde das autoridades antitruste.
A empresa, porém, apresentou um orçamento ambicioso para este ano, de R$ 2 bilhões, o que mostra que está otimista quanto à aprovação da fusão.
Desses recursos, R$ 1,5 bilhão deve ser investido em melhorias operacionais, e outros R$ 500 milhões devem ser destinados à aquisição de matrizes. O valor é duas vezes maior que o investido em 2010, quando foram destinados R$ 700 milhões às operações e R$ 300 milhões à compra de matrizes.
Cade
Fay criticou o parecer enviado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE) ao Cade relativo à fusão da Sadia com a Perdigão. O executivo disse que o relatório “surpreendeu pela superficialidade”, pela “falta de profundidade”, o que levou o relator do processo no Cade a pedir informações complementares para poder concluí-lo.
Essa carência de detalhes acabou emperrando os trabalhos, mas Fay espera que até o fim de março, ou ainda em abril, esses trâmites já estejam finalizados para que o Cade dê início à análise e julgue a fusão. Nessa fase do processo, o órgão antitruste ainda está colhendo informações e ouvindo todas as partes envolvidas, como fornecedores e clientes. Há expectativas na empresa de que o processo poderá ser julgado ainda no primeiro semestre.
A fusão é a maior da indústria de alimentos atualmente em curso no mundo, segundo Fay, e envolve um grande número de informações. Das 60 categorias de produtos em que a Sadia e a Perdigão atuam, boa parte está sendo analisada pelo Cade.
Fonte: IG