Dow Jones Investment Banker e The Wall Street Journal, de Nova York
Especialmente se envolver uma empresa que vende alimentos industrializados, com marcas conhecidas e amplos canais de distribuição, disse o diretor-presidente, Wesley Mendonça Batista, numa entrevista à Dow Jones e ao Wall Street Journal
Não surpreende que a descrição que ele deu se encaixe perfeitamente no perfil da fabricante americana de alimentos Sara Lee Corp.
Surgiram boatos há alguns meses de que a JBS estava tentando comprar a concorrente americana, que vende vários tipos de alimentos, mas a JBS nunca confirmou os rumores. A Sara Lee planeja agora desmembrar sua divisão de café da de carne, e observadores do mercado acreditam que isso pode abrir o caminho para outra tentativa da JBS, já que seria mais fácil financiar a compra de apenas uma fatia da empresa.
Batista, de 40 anos, não quis citar possíveis alvos de aquisição. Mas quando indagado especificamente sobre a Sara Lee, disse que "a empresa mencionada" atualmente não está à venda, mas admitiu que uma empresa com o perfil da Sara Lee faria sentido para a JBS. "Quando você está comprando, busca uma empresa que tem liderança [do mercado]."
(Continua)
A JBS cresceu substancialmente na última década, com uma série agressiva de aquisições envolvendo nomes como Pilgrim's Pride, Swift e Bertin.
Agora, Batista, cujo pai fundou o matadouro que deu origem à empresa, disse que a JBS está em todos os lugares onde quer estar. "Não há nenhum pais no mundo onde a gente não esteja e a gente acha que deveria estar", disse.
Mas ele acrescentou que ter operações de carne bovina no México — onde a empresa já produz frango — seria interessante em algum momento. O país é o maior importador de carne bovina produzida pela JBS nos EUA, disse ele, ressaltando, contudo, que a empresa não tem nenhum plano para expansão no México.
Quanto a uma futura abertura de capital de suas operações americanas, Batista disse que isso ainda está nos planos. Mas só vai acontecer quando "o mercado estiver num nível que acreditemos fazer sentido para a JBS". Segundo ele, a recente recuperação das bolsas americanas ainda não basta.
A empresa divulgou prejuízo de R$ 539,3 milhões no quarto trimestre, ante lucro no mesmo período de 2009. A JBS atribuiu o prejuízo a despesas não-recorrentes relacionadas ao pagamento de R$ 521,9 milhões a portadores de debêntures.
O lucro pode receber no próximo trimestre um impulso do plano da empresa de transferir US$ 2 bilhões em dívidas do Brasil para os EUA. Segundo Batista, a operação pode ocorrer nos próximos dois ou três meses e economizará à JBS entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões graças a benefícios tributários. A empresa ainda não contratou um banco para realizar a operação.
Além de transferir a dívida, a JBS informou que não vai precisar tomar dinheiro no mercado no curto prazo, já que conta com US$ 2 bilhões em caixa.
Quando às suas instalações na Argentina, em que os produtores de carne bovina têm sido pressionados pelas restrições impostas pelo governo para segurar os preços internos, Batista é claro: eles não estão buscando ativamente um comprador. Ele só cogitaria vender algumas das fábricas se surgisse uma oferta apropriada.
Fonte: WSJ Americas